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2/08/2022

Gestão de Reestruturação

Influência do Prazos Médios na Gestão de Caixa

Autor: Paulo Morás

    Com o passar dos anos as empresas tendem a superar os mesmos desafios já enfrentados num passado nem tão distante. Um país de terceiro mundo com uma economia fragilizada, moeda perdendo valor frente ao dólar a cada ano, inflação voltando aos patamares de outrora com mais de dois dígitos, muita matéria prima tendo que ser importada de grandes monopólios internacionais, carga tributária cada vez mais complexa e onerosa, etc. Realmente empreender no Brasil é para poucos e precisa ter muita força de vontade e resiliência, pois a probabilidade de não chegar aos 2 anos de vida é considerável.

    Contudo, o país tem grandes empresas nacionais e multinacionais, que dão aula de gestão e aplicação dos recursos financeiros, operacionais e de pessoal. Gerir e ter êxito na gestão de uma empresa vai muito além de ter lucro no DRE, é preciso entender o negócio para poder aplicar algumas ferramentas de gestão, que são indispensáveis na perenidade de qualquer organização. Uma das ferramentas para medir o sucesso do negócio e poder adequar dentro do que o mercado impõe é a gestão de fluxo de caixa, sabendo principalmente que lucro e caixa são duas coisas bem distintas.

    Cada setor possui os seus prazos médios, e é necessário estar dentro de uma média mercadológica para ter competitividade frente aos concorrentes e mais eficiência operacional e financeira. Para isso é fundamental entender e analisar os indicadores dos prazos médios, o ciclo operacional e financeiro da empresa.

    Neste sentido, o objetivo principal deste artigo é compreender e explicar a importância destes ciclos, bem como isso pode afetar na economia da empresa e qual a melhor estratégia a ser implementada pelo sócio/acionista. Principalmente entender que, por menor que seja a evolução, pode representar e muito no Fluxo de Caixa.

    Para Assaf Neto e Silva (2011, p.19), Ciclo Operacional incorpora sequencialmente todas as fases operacionais presentes no processo empresarial de produção-venda-recebimento, esta rotação informará de quanto a empresa necessita de recursos para arcar com seus compromissos, e quanto possui de capital de giro para reinvestir no seu negócio. Este ciclo é constituído pelos ciclos econômico e financeiro. Este indicador todo empresário precisa saber na ponta do lápis, pois é muito fácil dilatar este ciclo aos poucos e quando se percebe o capital de giro necessário para a operação é maior que o disponível.      

    Segundo CHING (2010, p. 24) Ciclo Financeiro também é conhecido como ciclo de conversão de caixa, focaliza as movimentações de caixa, abrangendo o período entre o pagamento da mercadoria ao fornecedor e o momento do recebimento de clientes, é composto pelo ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento, também compreendido pelo prazo médio de estocagem mais o prazo médio de recebimento, menos o prazo médio de pagamento.

    Estes dois ciclos muito bem explicados pelos autores, são os principais indicadores de onde a empresa precisa melhorar. E dentro deles estão os Prazos Médios de Produção, Pagamento e Recebimento, onde cada um tem seu importante papel de “vilão” ou “mocinho” no fluxo de caixa. Quanto maior o prazo médio de produção, também conhecido como Lead Time produtivo, menor é a rotação de estoque necessitando que este estoque seja financiado pelo fornecedor ou pelo cliente. Na grande maioria das vezes a empresa mesmo é quem paga essa conta, e sem ao menos perceber. Prazo médio de pagamento, que é do tipo quanto maior, melhor, pois, indica que o fornecedor está financiando a operação e que em alguns casos reduz o ciclo financeiro, pois fatura antes mesmo de pagar o fornecedor.

    E por fim, mas não menos importante é o prazo médio de recebimento, que é do tipo quanto menor, melhor. Indica quanto eu estou financiando o meu cliente. Geralmente dentro deste prazo se tem um percentual financeiro sobre o prazo concedido, que em boa parte das vezes, no fechamento do pedido é feito uma condição especial e fechado o olho para isso, prejudicando fortemente o fluxo de caixa da empresa, aumentando a NCG (necessidade de capital de giro), elevando o ciclo financeiro e consequentemente o ciclo operacional.

    Desta forma, administrar uma empresa implica em tomar decisões a toda hora e a todo o momento, ainda mais sabendo que no Brasil é comum ter uma pequena crise em curto espaço de tempo e que as vezes toma proporções gigantes, dependendo do nível de preparação da empresa. Muitas vezes o empresário por medo de um futuro incerto acaba dilatando o prazo médio de recebimento, fazendo estoque para uma possível retomada da economia, vendendo sem repassar inflação, perdendo o foco e não atacando os gargalos produtivos e tudo isso acaba afetando o ciclo operacional e quando se dá conta, está sem dinheiro para financiar o giro.

    O Fluxo de caixa é um termômetro para reajustar estes ciclos e prazos internos da empresa. Com o ele, é possível perceber se os recursos estão sobrando ou se há a necessidade de captar recursos de terceiros. Se a necessidade de captação estiver cada vez maior, é sinal de que algo está errado e os processos precisam ser revistos para ajustar, evitando chegar a um patamar de difícil solvência. Uma equipe profissionalizada pode também ser uma boa opção para blindar a empresa e garantir que os recursos sejam aplicados da melhor forma possível.

    REFERÊNCIAS

    CHING, Hong Yuh. Gestão de Caixa e Capital de Giro. Curitiba: Jurúa, 2010.

    ASSAF NETO, Alexandre. SILVA, César Augusto T. Administração de capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.