5/07/2022
Gestão de Reestruturação
O aumento dos juros e suas consequências nas margens das empresas
Temos passado por um momento de extrema diligência quanto a política de revisão da taxa de juros básica da economia (Selic). O Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil tem atuado de forma ortodoxa, aumentando a taxa de juros de forma recorrente, sendo esta a principal forma de conter o cenário de alta inflação no Brasil. Verdade seja dita, o cenário de inflação tem assolado o mundo inteiro, inclusive as grandes economias mundiais. Em sua última ata, “o Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para as suas metas”, ou seja, mais aumentos da taxa de juros podem ocorrer aos atuais 13,25%aa decididos na última reunião de junho/22. Neste artigo, gostaria de trazer uma análise do impacto destes juros para as empresas, as consequências nas suas margens de rentabilidade e na dinâmica de sua atividade.
Bem sabemos que com os juros em alta, o poder aquisitivo se reduz. O custo do dinheiro se torna assim cada vez mais alto e a tomada de crédito por consequência fica muito mais onerosa. Este é o grande ponto e de vital atenção! Ao depender do capital de terceiros para o financiamento de suas atividades operacionais ou mesmo para o investimento na melhoria de seus processos, as empresas precisam adequar as suas margens operacionais, melhorando sua geração de caixa para fazer frente as despesas financeiras mais elevadas. O aumento dos preços dos produtos e/ou serviços prestados é a primeira medida a se tomar. No entanto, ele é muito desafiador, visto que o poder aquisitivo está reduzido, justamente por uma dinâmica de atividade econômica fragilizada. O consumidor final tem sido muito mais seleto e restritivo, pois lhe falta recursos para absorver uma simples alta de preços dos produtos ou serviços. Não sendo possível o aumento proporcional dos preços, cabe às empresas buscar uma maior eficiência em seus processos através de uma redução de seus custos e despesas. Isto implica em medidas de negociação maior com fornecedores, melhoria em processos, cortes de custos e despesas mais supérfluas, reduções de jornadas de trabalho e, de forma mais drástica, a redução do seu quadro de colaboradores. As empresas que não dependem deste capital de terceiros, também sofrem com os efeitos do aumento dos juros, tendo o impacto em suas margens. Mesmo que de forma mais branda, é verdade, sua cadeia é impactada por este aumento. Clientes, fornecedores, prestadores de serviços etc. impactam nos preços do seu processo produtivo. Ou seja, de uma forma ou de outra, o aumento dos juros traz consequências diretas nas margens das empresas!
Além das ações abordadas, o que se torna crucial em um momento econômico como este é ter controle e planejamento. A tomada de decisão das empresas precisa ser pautada em números. Ter o absoluto controle e a mensuração dos números de todo o negócio é o que baliza a assertividade para o correto planejamento. Fazer mais com menos, negociar mais, exercer a criatividade, ser racional e resiliente são habilidades que devem estar em voga nos negócios e em especial em momentos como estes. A economia é cíclica, os juros voltarão a se acomodar em níveis mais civilizados, a inflação ficará mais acomodada e a dinâmica da atividade melhorará. Neste contexto, as empresas por óbvio também se beneficiarão e quem souber fazer as lições de casa em tempos desafiadores, recuperará de forma muito mais célere suas margens e seus resultados.