A Lei de Recuperações e Falências completou em fevereiro de 2022, 17 anos de vigência e atualmente, ainda é normal encontrarmos empresários dispostos a levar seu negócio até o último estágio de crise, para somente então, buscar o socorro legal da recuperação judicial.

Isso se dá por diversos motivos:  a) o fato de ter herdado da antiga concordata uma mácula que transforma o empresário que busca esse caminho em “caloteiro”, ainda que, em algumas oportunidades realmente são usadas para este fim; b) ou como em grande parte dos casos, o empresário perdeu o “time” ideal para esta medida e seu negócio já não possui mais chance de recuperação; c) ou pelas sucessivas crises econômicas que vivemos no Brasil, que dificultam o caminho para empresas sadias, e principalmente para as que se encontram em dificuldade financeira.

Os resultados demonstram que uma grande parcela das empresas que buscam esse caminho acabam não terminando bem esse processo e por essa razão, remetemos ao início desse texto, na qual os empresários fogem da recuperação judicial como se esta fosse uma doença terminal, porém podemos afirmar que não é, muito pelo contrário, é uma excelente ferramenta de reestruturação empresarial, que se aplicada corretamente e principalmente, no momento correto, podem reerguer grandes negócios.

Para tentar desmistificar um pouco o processo de Recuperação Judicial, iremos publicar uma série de 4 artigos explorando as suas principais etapas, deixando um pouco de lado os termos legais, apresentando realmente a prática, e trazendo também um pouco da nossa opinião e experiência de quem já participou deste procedimento em mais de 200 empresas, dos mais variados segmentos em todo o Brasil.

Neste primeiro artigo, vamos falar sobre a etapa mais difícil deste processo, que é a decisão pelo ingresso da Recuperação Judicial.

1ª Etapa: A decisão

De longe é a etapa mais dolorosa do procedimento, a que causa mais insegurança e como já comentado no preâmbulo, a etapa que normalmente os empresários brasileiros mais protelam e comumente acabam tomando a decisão quando seu negócio chegou ao “fundo do poço”, sem chances mínimas de se recuperar.

Afirmo com absoluta certeza, de que esta é uma das maiores causas de insucesso em uma Recuperação Judicial.

Mas como saber se a recuperação judicial é o caminho correto a ser adotado?

Primeiramente é preciso deixar claro, que existem diversos outros procedimentos de Reestruturação Empresarial. A própria Lei nos traz a opção da Recuperação Extrajudicial e de Mediação como ferramentas para buscar solucionar os embates entre as empresas e seus credores, além dos processos normais de renegociação, comumente chamados de “Recuperação Branca”.

Para saber qual o melhor caminho a ser adotado para o seu negócio, recomendamos a contratação de um Diagnóstico Empresarial realizado por uma Consultoria especializada em Reestruturação, pois somente com a correta e precisa identificação das deficiências, será diagnosticado as melhores alternativas de tratamento e por fim, definidas todas as ações imprescindíveis para a reversão deste cenário.

No Diagnóstico Empresarial, serão executados todas as análises necessárias para encontrar tanto as causas que deram origem aos problemas da empresa, bem como, identificar os seus potenciais  geradores de valores, que deverão ser maximizados para a mais célere recuperação do seu desempenho.

Com base neste potencial de geração de valor e o detalhamento do endividamento da empresa é que identificaremos a melhor estratégia para reescalonar o seu fluxo de pagamento e avaliar os efeitos coletarias sobre o desempenho do negócio, simulando cenários e seus respectivos resultados.

Caso a Recuperação Judicial, seja a ferramenta adequada para o caso em análise, e o empresário convencido que deve percorrer este caminho, partimos para a próxima etapa que será a contratação de um Escritório de Advocacia especializado e uma Consultoria Financeira, pois apesar de ser um procedimento judicial, esta legislação requer a aplicação de medidas multidisciplinares, que impactam em toda a empresa e devem, para tanto, serem assessoradas por empresas especializadas de gestão, cujo conhecimento ultrapasse a base legal e alcance o dia a dia das atividades empresariais.

Esta equipe multidisciplinar, além de preparar toda a documentação para o ingresso do processo judicial, irá também assessorar: i) na comunicação junto aos credores, funcionários e parceiros de negócio, visando que se tenha o menor impacto negativo; ii) orientará sobre o que deve e o que não deve ser pago; iii) fará a interface da empresa junto ao administrador judicial nomeado; iv) orientará sobre as informações que devem ser apresentadas junto ao processo; v) dentre outras diversas atividades, desenvolverá a estratégia necessária para conseguir o apoio dos credores, porém esse assunto, será explorado minuciosamente em nosso segundo artigo, que tratará do Plano de Recuperação Judicial.

A decisão sobre a melhor estratégia de reestruturação para a empresa caberá sempre ao empresário ou ao administrador da empresa, porém estar cercado de uma equipe especializada e com conhecimento neste tipo de procedimento, é fundamental para encontrar o melhor caminho.

A Conwert Gestão Empresarial possui a experiência necessária para ultrapassar esse momento tão desafiador. Conheça nossos trabalhos em nosso site e redes sociais.